Anabel Sabatine foi demovida da ideia por aliados, mas vai pedir ao TCE que faça auditoria nos contratos da gestão e decretou férias até dia 5
Fausto Macedo, de O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - Anabel Sabatine (PSDB)quase renunciou ao cargo de prefeita de Jandira na noite de quarta-feira, dois dias depois de sua posse. Apesar dos dois guarda-costas e do carro blindado à sua disposição, ela está com muito medo de ter o mesmo fim de seu antecessor, o tucano Braz Paschoalin, executado à bala há uma semana. A prefeita chamou os aliados e comunicou sua disposição em desocupar a cadeira de administradora dessa cidade de 120 mil habitantes e orçamento de R$ 162 milhões marcada por uma rotina de violência. Mas recuou.
"Cheguei mesmo a pensar na renúncia por causa desse monte de crimes, a gente fica muito assustada", ela conta. "Essa morte do Braz não foi a única, ela vem de há muito. Políticos assassinados aqui na nossa porta. Eu me desesperei. É muita coisa que vem para cima da gente. está sendo difícil encarar um negócio desses. Mas afastei essa ideia da minha cabeça e resolvi ficar porque quero uma Jandira limpa."
Paschoalin foi o terceiro político da cidade morto este ano. Em julho, foram assassinados o ex-vereador Mineiro (PDT) e Ivo do Gás, suplente de vereador.
Anabel sentiu-se intimidada quando Wanderlei Aquino, o secretário de Habitação preso pela polícia na manhã desta quinta-feira , a procurou em seu gabinete no início da noite da quarta. Ele queria assumir a qualquer custo a secretaria de Governo e o controle sobre contratos e licitações da prefeitura. A prefeita não concordou.
Servidores relatam que Aquino teria sido agressivo e que Anabel chegou a fazer boletim de ocorrência na delegacia. "Ele não foi hostil, concordou com minha decisão e não fui à polícia", garante a prefeita. "Não me senti ameaçada. Agora tenho que encontrar um nome para substituí-lo na Habitação. Tenho que ser muito equilibrada, a gente não pode errar."
Férias
A prefeita deu férias coletivas aos 4 mil servidores municipais até 5 de janeiro. Pagou o 13.º salário e anunciou o recesso "para dar uma tranquilizada no pessoal e ter tempo de organizar a casa". Sua meta é enxugar a folha. "Está em 57% da receita, tenho que reduzir para 51%."
Ela vai ao Tribunal de Contas do Estado pedir auditoria geral nos contratos da gestão Paschoalin. A partir da análise de todos os negócios pretende renegociar com fornecedores. "Preciso que o TCE me ajude. Com essa auditoria vou saber o que realmente estava acontecendo aqui."
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