Vizinhos dizem que não é a primeira vez que Célio Davi, de 55 anos, agride a idosa; ele está desempregado e seria usuário de crack
Bruno Lupion, do estadão.com.br
SÃO PAULO - Com o rosto transfigurado por hematomas, a aposentada Terezinha Ferreira de Mendonça, 80 anos, protestava na madrugada desta quarta-feira, 2, em frente ao 2º Distrito Policial de Guarulhos, na Grande São Paulo, contra a prisão de seu filho Célio Davi, de 55. Algumas horas antes, ele a tinha espancado e atirado para fora de casa. "Pode acontecer o que for, mas tenho dó de largar, é meu filho", disse ela.
Vizinhos da Rua Freire de Andrade, no Jardim Vila Galvão, ouviram os gritos da idosa e a encontraram ferida, na calçada. "Ela estava machucada no rosto, perna, braço, joelho, ombro. Chamamos a polícia", disse o motorista Fernando de Aguiar Rosa, 28 anos. "Não é a primeira vez que isso acontece, mas a Terezinha sempre se nega a fazer BO (Boletim de Ocorrência) contra ele", afirmou.
Desta vez, a polícia invadiu a casa e encontrou o homem no sofá, vendo televisão. Segundo os policiais militares, ele negou a agressão e disse que a mãe havia se machucado numa queda. Encaminhado à delegacia, Célio foi preso em flagrante por violência doméstica e enquadrado na Lei Maria da Penha.
Terezinha contou que seu outro filho - assassinado em 2000 aos 43 anos - era "um bom rapaz" e a protegia dos ataques de Célio. Depois da morte, porém, mãe e filho continuaram a morar juntos e a violência aumentou. Os vizinhos dizem que Célio não trabalha e seria viciado em crack.
A idosa foi levada ao pronto-socorro Padre Bento, submetida a radiografias e medicada. Ela afirmou que tem parentes em Ribeirão Preto e Sertãozinho, no interior do Estado, mas não aceita ajuda porque eles "têm raiva" do seu filho. Terezinha nutre esperanças de que Célio arrume um emprego e sustente a própria casa.
Às 2h30, ela aceitou sair da delegacia e foi embora amparada por cinco vizinhos, na Kombi escolar de Fernando. Célio continuou detido na carceragem do 2º Distrito Policial e pode ser condenado pela Justiça a até três anos de prisão.