Em sua visita ao Brasil em março, o presidente americano Barack Obama deveria trazer na bagagem um belo presente para os anfitriões: o apoio às ambições brasileiras a um assento permanente em um novo Conselho de Segurança da ONU. Essa seria uma boa maneira de coroar o 'reset' nas relações entre Brasil e Estados Unidos, que ficaram muito estremecidas nos últimos dois anos e agora mostram sinais de recomeço.
O Itamaraty espera esse gesto dos Estados Unidos.
Mas agora que a visita de Obama finalmente vai sair do papel, ficou claro que Brasília conta com esse gesto do presidente americano para selar a nova fase entre EUA e Brasil, uma fase pós-Lula, pós-namoro-com-Ahmadinejad, pós-atritos-hondurenhos.
O ex-chanceler Celso Amorim, com a franqueza que caracteriza as fatídicas entrevistas de fim de governo, afirmou no ano passado. 'Se o presidente Obama vier pra cá, depois de ter ido à Índia, será normal ele dizer a mesma coisa do Brasil'
No cálculo diplomático, os EUA teriam pouco a perder ao declarar apoio ao Brasil. Obama fortalece suas credenciais multilateralistas, ao dar apoio a uma representação mais democrática nas instituições internacionais. Está certo, a Argentina poderia ficar um pouco irritada, e o México também. Mas Obama já demonstrou estar pouco preocupado com as sensibilidades dos nossos vizinhos do sul ao pular Buenos Aires em seu giro hemisférico - ele só vai a El Salvador, Chile e Brasil. Já em relação ao México, a saia poderia ser mais justa. Mas, até aí, para apoiar a Índia no CS, Obama topou irritar até o Paquistão, parceiro essencial dos EUA no combate à Al Qaeda.
Patrícia Campos Melllo repórter da Folha
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