sábado, 18 de dezembro de 2010

EXPRESSÃO DO SEXO AGREDIDA

Intolerantes fizeram da Avenida Paulista, um reduto de liberdade, área de intolerância para os homossexuais


São Paulo - Poucos lugares do Brasil são tão cosmopolitas quanto a Avenida Paulista. Moderna em todos os sentidos, o endereço mais famoso de São Paulo era um dos poucos lugares do país onde homens e mulheres homossexuais podiam se expressar livremente sem serem importunados. Era, porque esse tempo não existe mais. Nos últimos dois meses, os 2,8 quilômetros de asfalto e calçada nobres viraram palco de intolerância, violência e covardia. Sete gays foram espancados pelo simples motivo de serem gays. Em dois anos, a Região da Paulista, um quadrilátero que envolve mais três ruas e travessas, teve 381 ataques semelhantes, segundo o Centro de Combate à Homofobia (CCH) da Prefeitura de São Paulo.
 
A polícia tenta localizar quatro agressores, enquanto antropólogos e sociólogos de universidades paulistas batem cabeça para encontrar resposta para a seguinte questão: qual o motivo da agressão física aos gays? ´Não se sabe a razão de tanto ódio. Para algumas pessoas, é natural bater em um gay afetado porque a figura dele representa uma agressão. Muita gente acha que, ao ver um homossexual ser espancado, o errado é a vítima`, diz a antropóloga da Universidade de Campinas (Unicamp) Regina Facchini. Ela alerta que a violência que vem ocorrendo na Paulista é simbólica e pode acabar com a segurança que a região oferecia ao público homossexual. ´Lá, sempre teve uma concentração de homossexuais. Hoje, os agressores mostram que podem agir onde as suas vítimas pareciam estar mais seguras`, analisa a antropóloga.

Desde que a parada do orgulho gay se instalou na Paulista, há 14 anos, a avenida e seus arredores viraram uma espécie de bairro GLS que lembra o posto 9 da praia de Ipanema, onde a diversidade é comemorada por casais gays de todo o país o ano inteiro. Na Região da Paulista, no shopping Frei Caneca, seguranças, atendentes e até faxineiros são treinados para lidar com a clientela da forma mais natural possível e evitar comentários maldosos ao ver, por exemplo, dois homens passeando de mãos dadas pelos corredores. ´Aqui já é uma coisa normal. Eles se beijam, se abraçam e ninguém fica mais chocado. Até a minha filha de 12 anos já sabe que eles formam um casal como outro qualquer`, diz Aparecida Gomes, 42, dona de uma livraria.


Diário de Pernanbuco

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