segunda-feira, 2 de maio de 2011

Papa beatifica João Paulo II

A multidão aplaudiu o beato durante oito minutos, e o cerimonial teve de pedir silêncio para prosseguir a missa 

FOTOS: REUTERS
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O papa Bento XVI abriu a procissão diante do caixão de João Paulo II, na Basílica de São Pedro, depois da beatificação. Em seguida, os cardeais beijaram o caixão, que não foi aberto. Os fiéis fizeram fila para venerar os restos mortais
Mais de um milhão de pessoas assistiram à missa na Praça São Pedro; Bento XVI parecia emocionado

Roma. Seis anos após sua morte, o papa João Paulo II foi proclamado beato, ontem, pelo seu sucessor, Bento XVI, em uma cerimônia assistida por 1,5 milhão de pessoas na Praça São Pedro, no Vaticano.

"Com a nossa autoridade, concedemos que o venerável servo de Deus João Paulo II seja chamado de beato e que se possa celebrar a sua festa todos os anos, no dia 22 de outubro, nos lugares e conforme as regras estabelecidas pelo direito", declarou o pontífice. Seguiram-se oito minutos de palmas.

Na janela principal da fachada da Basílica de São Pedro, uma cortina correu devagar para mostrar um rosto sorridente e ainda cheio de juventude de João Paulo II, com uma auréola de santo aplicada em fundo de céu azul. A freira francesa Marie Simon Pierre, beneficiada pelo milagre aprovado para a beatificação, depositou junto do altar uma relíquia de seu benfeitor - uma ampola com sangue colhido no hospital, em seus últimos dias de vida.

"Giovanni Paolo, Giovanni Paolo!", gritaram os compatriotas poloneses, num entusiasmo contagiante que a multidão ecoou. A julgar pelas bandeiras vermelhas e brancas, os poloneses eram maioria na praça, cerca de 80 mil peregrinos.

As brasileiras Elinete Passos e Aparecida Aurora Cordeiro, mineiras de Teófilo Otoni, que moram na Itália, na região do Piemonte, contam que dormiram na calçada para acompanhar a cerimônia, que começou às 10h (5h, no horário de Brasília).

"Valeu a pena, porque em 1997 eu beijei a mão de João Paulo II e ganhei a bênção dele", afirmou Elinete.

Bento XVI também parecia emocionado em beatificar o seu antecessor, com quem ele trabalhou durante 23 anos. "Passaram-se já seis anos desde o dia em que nos encontrávamos nesta praça para celebrar o funeral do papa João Paulo II. Já naquele tempo, sentíamos pairar o perfume da sua santidade", afirmou o papa em sua homilia. "Ele abriu a Cristo a sociedade, a cultura, os sistemas políticos e econômicos, invertendo com a força de um gigante, uma tendência que podia parecer irreversível", acrescentou.

SANTO 
Beato pode ser canonizado em anos
O papa João Paulo II pode ser canonizado "dentro de alguns anos", declarou o número dois do Vaticano, o cardeal Tarciso Bertone.

"Basta um milagre cientificamente provado e considerado como tal, (uma cura) vista como inexplicável do ponto de vista científico pela comissão médica, pela comissão teológica, assim como pelos cardeais e bispos membros da Congregação para a Causa dos Santos", afirmou o cardeal.

Durante a manhã, depois da declaração de beatificação pronunciada em polonês por Bento XVI, muitas pessoas presentes à Praça São Pedro clamaram "Santo Subito" (Santo Já), como fizeram há seis anos, durante o seu funeral.

A beatificação de João Paulo II foi realizada em tempo recorde. Geralmente, o processo começa cinco anos após a morte do candidato.

João Paulo foi beatificado no dia em que a Igreja celebra o Dia da Divina Misericórdia, que neste ano caiu no 1º de maio, coincidindo com o Dia do Trabalho, o que para muitos é uma feliz coincidência, já que o papa foi operário metalúrgico.

CONVIDADOS 
Plateia de missa causa polêmica
Pelo menos dois convidados especiais que compareceram à beatificação de João Paulo II causaram polêmica.

Primeiro, o presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, que está no poder desde 1980 (primeiro como primeiro-ministro, depois como presidente) e é acusado de diversas violações de direitos humanos no país. Ele está banido de visitar países da União Europeia, mas a Itália permitiu que ele pousasse em seu solo porque ele está a convite do Vaticano, que é uma cidade-Estado soberana e não faz parte do bloco de países europeus.

A outra saia justa foi a presença do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que anda às voltas de acusações de corrupção de menor em orgias particulares.

O Brasil foi representado pelo vice-presidente Michel Temer, pelo deputado Gabriel Chalita (PSB-SP) e o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco.

Temer elogiou a "liderança suave e extraordinária" de João Paulo II. Depois da missa, o vice-presidente, que comungou na missa e cumprimentou Bento XVI, afirmou que a cerimônia foi "emocionante".
Fonte Diário do Nordeste

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