Joaquim Cordeiro de Sá, 78 anos teve seu sitio dividido pelo canal
da transposição do rio São Francisco em Floresta (PE)
FÁBIO GUIBU- Folha de São Paulo
As obras estão atrasadas e paradas em vários trechos, mas sertanejos que tiveram propriedades cortadas pelos canais da transposição do rio São Francisco querem saber como chegarão ao outro lado de suas terras quando a água começar a correr.
A preocupação dos moradores é que eles sejam obrigados a andar quilômetros na caatinga para chegar à parte isolada de suas propriedades.
O clima é de apreensão, pois a maioria não tem carro e carrega nos braços ou em carroças a lenha para os seus fogões e a vegetação nativa usada como ração.
A Folha percorreu o canal da transposição em Floresta (a 435 km de Recife), onde muitos sertanejos tiveram as propriedades divididas.
Ele disse que usava os 44 hectares que ficaram do outro lado do canal para criar animais, mas que foi obrigado a recolhê-los após os bodes começarem a sumir.
"Perdi o controle porque eles ficaram soltos, sem ninguém por perto", afirmou. "Os animais não estavam acostumados e sumiram."
O agricultor trouxe a criação para perto de casa, mas o açude para os bichos está do outro lado do canal. Ele usa um aterro para atravessar, mas sabe que terá de retirá-lo para a água passar.
"Quando a obra começou, eu achava que era uma coisa boa, mas agora fico desconfiado porque passa ano e isso não sai do lugar", disse.
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