Do G1 São Paulo
Fernando Haddad, do PT, eleito prefeito de São Paulo para os próximos quatro anos, afirmou na noite deste domingo (28), em seu discurso de vitória, que irá derrubar o "muro da vergonha que separa a cidade rica da cidade pobre".
"São Paulo não é uma ilha, não é uma cidade murada, precisa fazer parceria", disse, referindo-se principalmente ao governo federal.
O petista teve 3.387.720 votos, o que corresponde a 55,57% dos votos válidos, contra 2.708.768 de José Serra (PSDB) – 44,43% (confira a apuração completa na cidade).
A vitória marca o retorno do PT à Prefeitura da capital paulista oito anos após Marta Suplicy deixar o comando da cidade. Desde então, se seguiram as gestões de José Serra e Gilberto Kassab (PSD).
No pronunciamento, Haddad, de 49 anos, reiterou que quer "acabar com a desigualdade" na cidade e que este "objetivo central está plenamente delineado, discutido e aprovado pela maioria do povo de São Paulo". "São Paulo tem que ser antes de tudo uma cidade-lar, um teto digno, limpo e decente, debaixo do qual toda família possa realizar seu sonho de ser feliz. São Paulo é de todos os nascidos aqui, é de todos os que vieram para cá, São Paulo é de todo o Brasil", afirmou o novo prefeito. "Somos ao mesmo tempo uma das mais ricas e das mais desiguais do planeta."
Logo no início de sua fala, no Hotel Intercontinental, na região da Avenida Paulista, Haddad agradeceu aos paulistanos pela "vontade soberana" e disse ser "uma alegria imensa, uma enorme responsabilidade" ser prefeito da maior cidade do país. "Quero agradecer em pirmeiro lugar aos milhões de homens e mulheres que me confiaram o voto. Em seguida, minha família, minha mulher Ana Estela, minha filha Carolina, meu filho Frederico, que que fizeram juntos muito sacrifício para me ajudar nessa jornada."
Em seguida, agradeceu ao ex-presidente Lula, puxando o coro "Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula". "Agradeço ao presidente Lula do fundo do coração pela orientação e pelo apoio, sem os quais seria impossível eu lograr qualquer êxito nas eleições." O novo prefeito também agradeceu à presidente Dilma Rousseff. "Agradeço à presidenta Dilma pela presença vigorosa na campanha desde o primeiro turno, pelo conforto nos momentos mais difíceis do primeiro turno."
Haddad elogiou os partidos coligados, a vice, Nádia Campeão, e os apoios no segundo turno. "Quero agradecer aos apoiadores, que ampliaram nossa corrente no segundo turno, os quais dedico minha homenagem na figura do querido deputado Gabriel Chalita e do vice-presidente Michel Temer. Muito obrigado, Michel Temer. E quero fazer um agradecimento super especial ao meu partido, o Partido dos Trabalhadores."
"Quero agradecer por último, mas não menos importante, a todos os meus opositores, porque me obrigaram nessa campanha a extrair o melhor de mim para poder superá-los numa disputa limpa e democrática."
Já José Serra desejou boa sorte a Haddad e disse que sai "revigorado" da disputa. "Termino a campanha com mais energia, mais vigor e mais disposição e com ideias renovadas e vamos em frente”, disse.
Perfil
Haddad foi ministro da Educação entre 2005 e 2012, quando licenciou-se para disputar a Prefeitura de São Paulo. O convite partiu do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defendeu a escolha de Haddad em detrimento de nomes tradicionais do PT, entre os quais a ex-prefeita Marta Suplicy.
Haddad foi ministro da Educação entre 2005 e 2012, quando licenciou-se para disputar a Prefeitura de São Paulo. O convite partiu do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defendeu a escolha de Haddad em detrimento de nomes tradicionais do PT, entre os quais a ex-prefeita Marta Suplicy.
Filho de comerciantes do Bom Retiro, na região central de São Paulo, aos 18 anos Haddad entrou para a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo de São Francisco. Formou-se bacharel em 1985. Também pela USP, tornou-se mestre em economia com especialização em economia política em 1990 e doutor em filosofia em 1996. Foi professor de teoria política contemporânea no Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Sociais da USP, analista de investimento do Unibanco e consultor da Fundação de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Haddad também foi chefe de gabinete da Secretaria de Finanças e Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de São Paulo na gestão Marta e secretário executivo do Ministério da Educação. Haddad escreveu os livros "O Sistema Soviético", "Em Defesa do Socialismo", "Desorganizando o consenso", "Sindicatos, cooperativas e socialismo" e "Trabalho e linguagem."
Em 2001, ele assumiu a chefia de gabinete da secretaria municipal de Finanças na gestão da prefeita Marta Suplicy. Dois anos depois, tornou-se assessor especial do ministro do Planejamento, Guido Mantega.
Campanha
O resultado mostrou uma variação significativa para o candidato petista em relação ao primeiro turno. Serra havia ficado em primeiro com 30,75% dos votos válidos, e Haddad, em segundo, com 28,98%. Com a migração de boa parte dos votos dos outros concorrentes, Haddad levou o pleito. Haddad teve o apoio de Gabriel Chalita (PMDB). Já Serra contou com o apoio de Soninha Francine (PPS) e de Paulinho da Força (PDT). Celso Russomanno (PRB) ficou neutro no segundo turno.
O resultado mostrou uma variação significativa para o candidato petista em relação ao primeiro turno. Serra havia ficado em primeiro com 30,75% dos votos válidos, e Haddad, em segundo, com 28,98%. Com a migração de boa parte dos votos dos outros concorrentes, Haddad levou o pleito. Haddad teve o apoio de Gabriel Chalita (PMDB). Já Serra contou com o apoio de Soninha Francine (PPS) e de Paulinho da Força (PDT). Celso Russomanno (PRB) ficou neutro no segundo turno.
No primeiro turno, Russomanno foi o alvo principal dos concorrentes por liderar as pesquisas. Já no segundo turno, o tucano e o petista levantaram diferentes temas para tentar mostrar suas qualidades e a desvantagem de se votar no adversário.
A primeira grande polêmica do segundo turno foi o chamado “kit gay”. O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, declarou apoio a Serra e criticou a elaboração do kit pelo Ministério da Educação para combater a homofobia nas escolas. Serra também criticou o material produzido. O assunto ganhou ainda mais repercussão após vir a público que Serra também havia produzido um kit contra a homofobia em escolas durante sua gestão no governo do estado, em 2009.
Serra então passou a se mostrar como o candidato que apostou em parcerias com organizações sociais (OSs) para a gestão de hospitais públicos. E afirmou diversas vezes que a saúde cairia de qualidade com Haddad e que as parcerias iriam acabar. O petista negou.
Serra citou ainda as falhas na aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e repetiu por diversas vezes em seu programa que era o mais experiente e capaz de tirar propostas do papel.
Serra então passou a se mostrar como o candidato que apostou em parcerias com organizações sociais (OSs) para a gestão de hospitais públicos. E afirmou diversas vezes que a saúde cairia de qualidade com Haddad e que as parcerias iriam acabar. O petista negou.
Serra citou ainda as falhas na aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e repetiu por diversas vezes em seu programa que era o mais experiente e capaz de tirar propostas do papel.
Haddad
O petista insistiu no fato de Serra ter deixado a Prefeitura em 2006 para disputar o governo do estado, dois anos antes do fim do mandato. Bateu na tecla de que só o PT tinha um plano de governo bem elaborado, pensado desde janeiro e publicado em agosto. Já o plano de Serra, publicado no meio do segundo turno, segundo Haddad, era uma “carta de intenções” sem metas.
O petista insistiu no fato de Serra ter deixado a Prefeitura em 2006 para disputar o governo do estado, dois anos antes do fim do mandato. Bateu na tecla de que só o PT tinha um plano de governo bem elaborado, pensado desde janeiro e publicado em agosto. Já o plano de Serra, publicado no meio do segundo turno, segundo Haddad, era uma “carta de intenções” sem metas.
O candidato do PT criticou duramente a gestão Kassab, que chegou ao poder como vice de Serra. Uma das áreas mais atacadas foi a da habitação. Na TV, Haddad afirmou que as 28 mil unidades feitas por Serra e Kassab representam número bem menor que as gestões petistas - Luiza Erundina (1988-1992) construiu 36 mil moradias populares em quatro anos, e Marta, cerca de 23 mil.
O tema foi um dos usados por Haddad para afirmar que vai “desbloquear” a cidade. Segundo ele, por motivos políticos, a Prefeitura não usava a verba federal. Entre as promessas é trazer o programa Minha Casa Minha Vida e o uso de verba federal para a construção de 172 creches.
Haddad rebateu as críticas feitas por Serra a sua gestão à frente do Ministério da Educação. Ele citou a criação do ProUni, que concede bolsas em faculdades particulares a alunos da rede pública, como um dos programas que criou.
Entre as propostas que Haddad destacou está a criação do Arco do Futuro, proposta de descentralização da cidade levando o crescimento para regiões como a Avenida Cupecê, na Zona Sul. Haddad propôs também concluir três hospitais prometidos por Kassab, criar a Rede Hora Certa para concentrar atendimentos, exames e cirurgias em postos de saúde, e a criação do Bilhete Único Mensal. (G1 São Paulo)
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