A reputação internacional do Brasil de país tolerante na questão racial é manchada pela discriminação contra negros, na opinião de diplomatas americanos que revelam, em telegramas passados ao GLOBO pelo WikiLeaks, a preocupação dos Estados Unidos com o racismo brasileiro. Um pacote de 25 telegramas da embaixada dos EUA em Brasília e do consulado em São Paulo, de 2004 a 2009, mostra que os americanos creem que os brasileiros não dão a devida atenção ao assunto. "Muitos alegam que o racismo não existe, apesar das evidências esmagadoras do contrário", diz um telegrama. "A discriminação contra afro-brasileiros mancha a reputação internacional do Brasil de país tolerante e lar acolhedor para centenas de grupos indígenas e imigrantes de todos os cantos do mundo", afirma outro. Os americanos questionam a vontade dos brasileiros de tomar atitudes em relação à discriminação, afirmando que os setores público e privado têm obrigação de dar passos sérios para acabar com as dificuldades sociais e econômicas pelas quais os negros passam. "A verdadeira questão é se os brasileiros, como um todo, estão prontos para reconhecer o problema e estão dispostos a agir", diz outro telegrama. Os americanos também afirmam que 50% dos brasileiros seriam considerados negros nos EUA. Outro telegrama lembra a declaração polêmica da ex-ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial do governo federal, que, em 2007, disse que "não é racismo quando um negro se insurge contra um branco". Para um diplomata dos EUA, a declaração ajudou a chamar a atenção para o assunto. A implantação das cotas raciais nas universidades públicas também foi acompanhada pelos diplomatas, que ouviram diversos setores da sociedade e concluíram que a "questão é controversa". (Marcelle Ribeiro, de O Globo) |
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
WikiLeaks Estados Unidos criticam racismo no Brasil
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