terça-feira, 30 de julho de 2013

Até final do ano Brasil vai implantar primeiro coração artificial infantil 100% nacional

Coração artificial tem a missão de salvar a vida de crianças que esperam por um transplante


O primeiro coração artificial infantil da América Latina totalmente desenvolvido no Brasil é fabricado pelo Instituto do Coração (Incor) desde 2002 e até o final deste ano deve bater no peito de um paciente. Considerado uma inovação pela comunidade médica, ele poderá salvar crianças que hoje morrem na fila à espera de um transplante. Por enquanto, o ventrículo artificial brasileiro é testado em animais, mas a partir de dezembro deve virar uma prática hospitalar diária.

O suporte artificial funciona como uma ponte enquanto se espera pelo transplante. "O objetivo principal é substituir a função do coração que já está falido, não aguenta mais bombear o sangue. O equipamento dá à criança a condição de aguardar por um tempo maior a possibilidade de transplante", defende o médico Marcelo Jatene, diretor da unidade de cirurgia cardíaca pediátrica do Incor.
A escassez de doadores de órgãos ainda é um entrave. "Se conseguirmos manter essa criança numa condição favorável por um tempo prolongado, daremos a ela a chance de conseguir um órgão", observa.O prazo máximo recomendado para o paciente ficar com o equipamento, por enquanto, é de três meses.
Na fila de espera
A chance de um paciente morrer na fila de espera é de 60%, de acordo com os médicos. Por isso, o coração artificial é aguardado com expectativa. Uma vantagem que o dispositivo fabricado no Brasil promete ter em relação ao produto exportado é o preço. Enquanto um equipamento produzido na Alemanha, Japão ou Estados Unidos custa entre R$ 150 mil e R$ 200 mil, no Brasil o valor deve ser inferior - mas os médicos do Incor não souberam precisar exatamente quanto a versão nacional custará.
"Um dos grandes problemas em usar esse aparelho já disponível no mercado mundial é o financiamento. As famílias são muito pobres, não têm condições de pagar por isso. Nem todas as instituições têm possibilidade de arcar com a despesa", acredita Janete.
O projeto conta com o apoio e financiamento de outras instituições, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo, também já desenvolveu um modelo de coração artificial, mas para adultos. Para o médico Luis Carlos Bento de Souza, diretor da divisão de cirurgia da entidade, o equipamento assume um papel determinante.
"Pacientes em fase avançada da doença vão para transplante ou ficam sem uma solução. Eles precisam de um apoio mecânico para manterem-se vivos até a viabilidade de um doador", conclui. "É algo que vem sendo estudado há muitos anos. Mas não é fácil substituir um órgão como o coração", complementa. Segundo o médico, os detalhes técnicos e materiais envolvidos exigem características especiais para garantir o desenvolvimento da função de maneira adequada.

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