sábado, 4 de junho de 2011

Caso Bruno, desaparecimento de Eliza Samudio completa um ano cercado de mistério

A justiça ainda não definiu data para julgar os acusados de matar Eliza Samudio, e há uma série de perguntas sem resposta.


Paula Sarapu

Um ano depois, desaparecimento de modelo ainda não foi esclarecido (FELIPE O'NEILL)
Um ano depois, desaparecimento de modelo ainda não foi esclarecido

Um ano depois do desaparecimento e suposta morte da modelo Eliza Samudio, a Justiça ainda não definiu a data de julgamento de sete dos acusados. Atrás das grades, o principal deles, o goleiro Bruno Fernandes das Dores de Souza, viu ruir o império que construiu com talento dentro de campo. Numa cela da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, a vida do ex-jogador de Flamengo e Atlético guarda muito pouco do que era em junho passado, quando teve início a intrigante história do sumiço de Eliza, cuja família cobra punição para os envolvidos. Nove pessoas foram denunciadas – sete delas vão a júri popular. Quatro estão presas há quase 11 meses (um, menor, cumpre medida socioeducativa), e o processo corre a passos lentos no Tribunal do Júri de Contagem. Só no Tribunal de Justiça foram julgados 59 pedidos de habeas corpus.




O inquérito policial indica que em 4 de junho de 2010, convencida de que Bruno – de quem era ex-amante, com relatos de agressão para que abortasse – assumiria o bebê, Eliza deixava o hotel onde estava hospedada no Rio de Janeiro, para passar a noite na luxuosa mansão do goleiro, na Barra da Tijuca. Na manhã seguinte, ela viajou para Minas Gerais e por cinco dias esteve no sítio no Condomínio Turmalina, em Esmeraldas, Região Metropolitana de Belo Horizonte, até a data apontada pela polícia como a da execução. A moça tentava provar na Justiça a paternidade de seu filho.

Naquele dia 4, um ano atrás, Macarrão tatuou nas costas uma homenagem ao goleiro, exaltando a amizade entre os dois. Pouco depois, encerrou a estadia da modelo no hotel. Começava ali o calvário de Eliza, de acordo com as investigações: ela foi agredida pelo menor J., primo de Bruno, a caminho de Minas Gerais, e mantida em cárcere privado no sítio. No dia 10, teria saído com Macarrão e o menor J., sob argumento de que conheceria o novo apartamento. O ponto de encontro com seu suposto algoz, o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, foi marcado na Pampulha.

Para a polícia e o Ministério Público, Bola asfixiou a modelo, com a ajuda de Macarrão. O ex-policial, de acordo com a denúncia, foi o responsável por ocultar o corpo. “Os denunciados estavam seguros de que o cadáver de Eliza jamais seria encontrado”, diz o documento. De volta ao sítio, trazendo apenas o bebê, Macarrão e o menor teriam queimado a mala dela, depois de rápida conversa com Bruno. Um outro primo, Sérgio Rosa Sales, tentou se aproximar do grupo, mas o goleiro pediu que ele permanecesse afastado.

“Já era”

Sérgio é peça-chave na investigação. Em seu depoimento, ele conta que perguntou por Eliza e que Bruno retrucou: “Você quer mesmo saber?”, interrompido, em seguida, pelo menor J.: “Ela já era”. Sérgio lembra, ainda, que Bruno completou: “Acabou esse tormento”. À Justiça, Bruno afirmou que Eliza queria R$ 30 mil e viajou a Minas. O atleta sustenta que a modelo teria seguido depois para São Paulo “para resolver uns problemas” e que prometera voltar em sete dias para buscar o bebê.

O caso só veio à tona em 24 de junho, por denúncia anônima. Policiais do Departamento de Investigações foram até o sítio e descobriram que a criança havia sido levada para a casa de um estranho.

A defesa de Bruno espera julgamento de habeas corpus pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), o que deve ocorrer em 90 dias. O pedido de liminar foi negado pelos desembargadores. Em Minas, o advogado Cláudio Dalledone também impetrou pedido de liminar e habeas corpus, ambos rejeitados. No dia 1°, a 4ª Câmara Criminal negou pedido de habeas corpus a Macarrão, em que o goleiro consta como interessado.

A situação dos acusados

Bruno Fernandes das Dores de Souza

Denunciado por homicídio triplamente qualificado, sequestro, cárcere privado e ocultação de cadáver. Somadas, as penas variam de 14 a 36 anos. Preso

Marcos Aparecido dos Santos, o Bola

Denunciado por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. A pena máxima pode chegar a 33 anos. Preso


Sérgio Rosa Sales, o Camelo

Primo de Bruno. Denunciado por homicídio triplamente qualificado, sequestro, cárcere privado e ocultação de cadáver. Somadas, as penas variam de 14 a 36 anos. Preso

Dayanne Rodrigues do Carmo Souza

Ex-mulher de Bruno. Denunciada por sequestro e cárcere privado da criança. Pena de 1 a 3 anos. Em liberdade

Elenilson Vitor da Silva

Era caseiro de Bruno. Denunciado por sequestro e cárcere privado da criança. Pena de 1 a 3 anos. Em liberdade

Fernanda Gomes de Castro

Namorava Bruno. Denunciada por sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho. Pena de um a três anos. Em liberdade


Wemerson Marques de Souza, o Coxinha

Denunciado por sequestro e cárcere privado da criança. Pena de 1 a 3 anos. Em liberdade

Flávio Caetano de Araújo

Denunciado por homicídio triplamente qualificado, sequestro, cárcere privado, ocultação de cadáver e corrupção de menores. Não foi pronunciado pela Justiça. Em liberdade

J., o menor

Cumpre medida socioeducativa (prazo de até três anos) por homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado

Fonte: em.com.br  Estado de Minas

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