DESCEU A RAMPA
Ao lado da mulher Rosane, Collor deixava o Planalto em 29 de dezembro
de 1992. Dilma corre o risco amargar o mesmo infortúnio
Ao lado da mulher Rosane, Collor deixava o Planalto em 29 de dezembro
de 1992. Dilma corre o risco amargar o mesmo infortúnio
Dois de setembro de 1992. O pedido de impeachment contra o então presidente Fernando Collor, assinado por Barbosa Lima Sobrinho, era acolhido pelo presidente da Câmara, Ibsen Pinheiro. Enquanto o Brasil vivia às voltas com a hiperinflação, a popularidade de Collor se deteriorava, manifestantes ocupavam as principais avenidas do País em favor de sua saída e o Planalto dava demonstrações de que não sabia como mudar o panorama desfavorável. No Congresso, Collor não sabia mais distinguir aliados de inimigos políticos.
No dia 29 daquele mês, dois terços da Câmara aprovavam a abertura formal do processo de impeachment. O resto da história, todos sabem. Collor renunciou antes mesmo de o Senado concluir pelo seu afastamento.
O cenário guarda semelhanças com o momento vivido hoje pela presidente Dilma Rousseff. Com a base política em frangalhos, Dilma, assim como Collor, terá de enfrentar um processo de impeachment em meio a uma crise econômica brutal. Em 1992, o ambiente inflamável embalava as manifestações de rua, exatamente como agora. Àquela altura, Collor amargava um índice de aprovação de apenas 9%, o mesmo ostentado por Dilma hoje.
Tal como Dilma e o PT, Collor também se dizia alvo de um golpe, apesar do caráter constitucional do processo. “As manobras para o meu afastamento interessam aos recalcados, complexados e invejosos que formam o sindicato do golpe”, afirmava o então presidente. Líder do PT, José Dirceu assumia postura oposta. “Não se faz impeachment na Câmara e no Senado. Ele acontece na sociedade”, disse o ex-ministro à época num discurso que hoje seria tachado de “golpista” pelos petistas.
No tocante às denúncias, pesava sobre Collor o envolvimento no esquema PC Farias. O estopim foi a entrevista à ISTOÉ do motorista Eriberto França, em que confirmou que PC bancava as despesas da família do presidente. Hoje, Dilma alardeia que “não é ladra”, mas há suspeitas de que sua campanha foi irrigada com dinheiro desviado do Petrolão. Mas o que pode derrubá-la é o crime de responsabilidade, fruto das manobras fiscais destinadas a maquiar o orçamento. Responsabilidade também nunca foi um predicado que pudesse ser atribuído a Collor. (ISTOÉ)
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