O ator Jorge Loredo morreu por volta das 5h desta quinta-feira, aos 89 anos. O intérprete do icônico personagem Zé Bonitinho estava internado em estado grave no hospital São Lucas, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, desde o último dia 3 de fevereiro. Loredo lutava há anos contra uma Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) grave e um Enfisema Pulmonar e, apesar de todos os esforços terapêuticos, não resistiu.
Nesta madrugada ele sofreu falência múltipla de órgãos. O velório ocorrerá nesta sexta-feira, a partir das 9h, no Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Norte do Rio.
Obituário
Jorge Loredo nasceu em 7 de maio de 1925. Ele passou toda a sua infância e juventude em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. Sua adolescência foi marcada por doenças graves. Aos 12 anos ele teve osteomelite na perna e sofria de fortes dores contantemente. Aos 20, contraiu uma tuberculose e foi internado em um sanatório, situação que acabou por lhe abrir as portas para a carreira. Incentivado pelos médicos, participou de um grupo teatral no hospital e descobriu sua vocação para atuar.
Antes de virar ator, Loredo trabalhou em um banco e também se formou em Direito: "O chefe do Departamento Pessoal disse para eu procurar um teste vocacional. O resultado foi 'Magistério, diplomacia, tendência a pesquisas e atividades exibicionistas'. Eu perguntei para o psicólogo o que devia fazer. Ele disse para eu procurar uma faculdade de Direito e uma escola de Teatro. Foi o que fiz. Eu me formei em advogado e entrei para escola de teatro".
Como advogado, ele chegou a trabalhar no Sindicato dos Artistas, no Rio de Janeiro, na área de Previdência Social e Direito do Trabalho.
O personagem 'Zé Bonitinho' foi criado há 55 anos por Loredo. O humorista disse que a inspiração do galã que se autoproclama "o perigote das mulheres" veio de um amigo que era metido a conquistador. O personagem que se achava o rei das mulheres era presença constante no extinto programa "A praça e nossa", do SBT, mas sua estrei foi em 1960, no programa “Noites Cariocas”, exibido pela extinta TV Rio, com os primeiros textos escritos por Chico Anysio.
Os bordões do personagem conquistador: "Câmera, close; microfone, please", ou "Garotas do meu Brasil varonil: vou dar a vocês um tostão da minha voz!", definitivamente ficaram marcados nas mentes dos brasileiros.
No final dos anos 50, o ator já estava famoso intepretando o mendigo filósfo na TV Rio no programa "Rio cinco para as cinco". Na “A praça é nossa”, com Manoel de Nóbrega a quem o mendigo se apresentava com o bordão "Como vai, meu nobre colega?". O figurino do mendigo era de um verdadeiro aristocrata: fraque e cartola bem esfarrapados, monóculo e luvas.
O personagem surgiu por ideia de sua mãe, que na infância conhecera um mendigo elegante que ia à sua casa pedir comida, mas queria uma mesa montada na garagem com toalha de renda e tudo.
O mendigo filósofo fez tanto sucesso que Loredo teve como padrinho de casamento o ex-presidente Juscelino Kubistcheck. O que lhe valeu um bordão famoso. Ele terminava o quadro do mendigo dizendo: “Agora vou encontrar com aquele menino, o Juscelino...”.
Além desses dois, outros personagens foram criados pelo talentoso artista: um italiano que não podia ver televisão porque queria quebrá-la, o profeta Saravabatana que andava com uma cobra que dava consultas a mulheres, e o professor de português que tinha a voz do Ary Barroso.
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