Uma das grandes pautas do processo eleitoral foi a renovação dos parlamentares que já ocupam cargos públicos, por conta da insatisfação da população. Mas não foi isso que se viu após o fim da apuração das urnas. Os baianos elegeram apenas 33% de novos deputados estaduais.
A falta de renovação é emblemática entre os membros da Assembleia Legislativa (AL-BA), em que 17 deputados foram eleitos para o quarto mandato consecutivo, ou seja, são reeleitos continuamente desde 2002. Dentre eles, dois são tão antigos que têm mais tempo de casa legislativa do que alguns dos seus novos colegas têm de vida: Reinaldo Braga (PR) e Jurandy Oliveira (PRP).
Ambos irão cumprir o nono mandato como deputados estaduais, tendo ingressado na Assembleia em 1983. Mesmo ano em que Alex Lima (PTN) e Luciano Simões Filho (PMDB) nasceram. O Brasil ainda vivia sob o jugo da ditadura militar, o Muro de Berlim estava de pé e a seleção brasileira era tricampeã mundial, porém respeitada por jogar um futebol eficiente. Antônio Carlos Magalhães nunca havia sido senador da República, João Durval era o governador do estado, Nilo Coelho assumia o primeiro mandato como prefeito de Guanambi e Jaques Wagner trabalhava no pólo industrial de Camaçari. Lídice da Mata era vereadora de Salvador, Otto Alencar ainda exercia medicina e Uldurico Júnior, deputado federal mais jovem do Brasil em 2014, nem tinha nascido. Aécio Neves era secretário no governo do avô, Tancredo, no governo de Minas Gerais, Dilma Rousseff fazia mestrado em economia na Unicamp e Marina Silva não tinha iniciado sua vida política.
Mesmo assim, tanto Reinaldo Braga quanto Jurandy Oliveira já eram parlamentares na Bahia. Ao analisar as proposições dos deputados no site da Assembleia Legislativa da Bahia, é possível perceber que eles não têm sido muito atuantes no passado recente. Por exemplo, Jurandy Oliveira propôs um Projeto de Lei em 2013 que sugeria “o fornecimento de perucas, pelo Estado da Bahia, para indivíduos diagnosticados com câncer e submetidos a tratamento de quimioterapia que ocasione a alopécia”, que ainda está em tramitação.
Sua recente participação na AL-BA pode ser resumida a moções de aplauso, congratulações ou pesar – só assumiu na última legislatura por ser suplente de Claudia Oliveira, que se tornou prefeita de Porto Seguro em 2012. Reinaldo Braga é mais ativo em questões administrativas da casa legislativa. Tanto Braga quanto Oliveira começaram as carreiras políticas durante a ditadura militar, e foram prefeitos de Xique-Xique e Ipirá, respectivamente, entre 1977 e 1982.
por Luiz Fernando Teixeira (Bahia Notícias)
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