sábado, 1 de janeiro de 2011

DILMA Desafio de governar após a era Lula


Marta Berard, da Agência EFE

Dilma Rousseff alcançou neste sábado o ponto mais alto do poder com o desafio de suceder seu mentor, Luiz Inácio Lula da Silva, um dos dirigentes mais carismáticos da história do país, que despertou uma sólida corrente de simpatia mundial e sai de cena sem comparações.
Posse de Dilma (Foto: Agência Brasil)

Aos 63 anos, Dilma que fez sua campanha
eleitoral literalmente pelas mãos de Lula, reiterou neste sábado que para ela foi um "orgulho" ter feito parte de seu Governo e se comprometeu em preservar o legado do ex-presidente.

O novo Executivo será marcado por uma "imensa continuidade", disse à Agência Efe o
analista político Claudio Couto, da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Na opinião de Couto, Dilma não goza da mesma influência dentro do PT que Lula, por isso que na formação do novo Governo a presidente se viu forçada a incluir muitos nomes de seu grupo político para decepção de seus aliados de coalizão.


Em 31 de outubro, Dilma conquistou a vitória no segundo turno das eleições presidenciais em que fez sua estreia em processo eleitoral, uma façanha que os
analistas coincidem em afirmar como fator-chave o apoio incondicional que recebeu de seu padrinho político.

Nos últimos dias, a imprensa brasileira dedicou amplo espaço a publicar reportagens monográficas sobre a gestão Lula e destaca que começa uma nova etapa na qual uma das principais incógnitas é revelar o futuro de um presidente que deixa o poder com uma popularidade recorde de 87%.


Para alguns analistas é complicado que uma figura do peso de Lula, grande protagonista da política brasileira nos últimos oito anos, aceite com placidez uma retirada palaciana.


Couto, no entanto, descartou que Lula a quem classificou como um "político nato", sem vocação centralizadora e que soube delegar, pense em interferir na gestão de Dilma.


"Não acho que vá ser um ex-presidente intrometido. Pelo próprio perfil dela (Dilma) vai ser difícil que aceite ingerências", concluiu.


A primeira presidente mulher do Brasil assume a chefia do Estado com o desafio de preservar a saúde das contas públicas e conter a inflação que supera 5%.


Com o objetivo de atender essas demandas, os mercados esperam a alta das taxas de juros por parte do Banco Central, assim como o corte do gasto público, medida já antecipada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.


Outra das dificuldades que Dilma terá de lidar será a comparação com o já ex-presidente e administrar sua relação com o mesmo, quem se mostrou certo de que Dilma fará um "extraordinário" Governo, mas também deixou claro que deixa a sua sucessora uma herança próspera que deve ser preservada.


"O Brasil que entregaremos a Dilma tem a perspectiva de transformar-se nos próximos seis anos na quinta maior
economia mundial", chegou a dizer Lula.

O ex-presidente, quem esteve viajando pela geografia brasileira até o final de seu mandato, fez sua a frase "nunca antes na história deste país", em referência as conquistas que segundo sua opinião alcançou o Brasil sob seu Governo, uma expressão que se transformou no autêntico mantra da oratória de Lula.


O professor Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília (UnB), considera que o nível de exigência ao que se submeterá Dilma será elevado, devido ao fato de "Lula colocar em cima da mesa um carisma que ela não tem".


"O que se espera dela são resultados. O benefício da dúvida que Lula tinha, ela não vai ter", lembrou.


Essa análise se comprova nas pesquisas: 83% dos brasileiros acreditam que o Governo de Dilma será melhor ou igual ao de seu antecessor, de acordo com o instituto de pesquisa Datafolha.


Com relação ao futuro de Lula, 41% consideram que deveria ocupar algum cargo no Governo de sua sucessora.


Lula escreveu com tinta indelével um legado econômico e social que funcionou como a melhor carta de apresentação para Dilma, mas o tempo do líder acabou. O dela acaba de começar.
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